Andando sobre a ponte velha, daquelas bem
antigas e imponentes, eu pensava na vida. Refletia, e quebrava a cabeça, por um
motivo que sem dúvida algumas pessoas normais considerariam coisa de louco.
Talvez eu realmente seja louco, não duvido e nem me preocupo em defender-me do
que os outros falam, afinal, eles são só os outros. Talvez eles falem de mim
pois tem inveja do meu modo de vida, de minha loucura e de minha não
preocupação em cuidar da vida dos
outros. Não sei, mas sinto que tudo o que eles falam de mim tem um motivo e uma
justificativa. Nem que seja o mais bizarro possível, mas eu acredito que tenha,
pois ninguém fala de outra pessoa só por falar. Afinal, isso também é um
motivo.
Sei que na escola, nos corredores, as
pessoas procuram me ignorar e tentar evitar tocar em mim. Como se loucura
contagiasse com um simples e único toque. Mas também, vai saber. Até hoje
ninguém descobriu a cura pra doença chamada loucura, e nós, os loucos, temos
que sofrer as consequências, somos ignorados pela sociedade porque somos
diferentes, porque pensamos de um modo diferente, nos vestimos e agimos de um
modo diferente. Sei que isso não é justo e mesmo em minha loucura e meus
devaneios eu sinto isso. Mas não reclamo. Não reclamo porque tenho minha
loucura pra me fazer companhia.
Como louco, amo caminhar por entre o campo
rosa, colorido com flores de cor cinza. Amo sentar em baixo do pé de bananeira,
de onde volta e meia caem maçãs que batem em minha cabeça. Amo arrancar
punhados daquela terra roxa, e fazer bolos pra depois comer. Adoro ver as vacas
rosas pastando, comendo e fazendo piqueniques com os cachorros azuis. Me dá paz
e uma sensação de tranquilidade quando posso apreciar os últimos raios de sol
branco, se destacando no amarelo do céu, do mesmo modo que as nuvens verdes
parecem querer cair a qualquer momento. Adoro correr e deixar a brisa acariciar
meu rosto, pois essa brisa deixa a pele mais lisa e bonita. Adoro comer
triângulos no café da manhã, depois tomar felicidade pra afastar a sede. Adoro
sentar no banco de chocolate da praça, pra observar as crianças brincando de
namorar. Adoro subir numa árvore de
jabuticaba, pra pegar o mel das abelhas que me amam. Elas me beijam na face com
tanto ardor que minhas bochechas chegam a inchar.
Adoro comer livros também. Porque ler eles,
se posso comer as palavras que estão escritas nele, e tê-las inteiras só pra
mim?
Adoro cheirar pedras, mas daquelas pedras
moles que se pode comer no almoço. Amo conversar com estátuas, elas parecem
sempre me entender. As paredes do meu quarto também me entendem, mas estas são
as únicas mesmo.
Sim, eu amo ser louco. Quando se é louco, a
vida é mais divertida. Como eu sei? Não sei, eu só sei. Agora, pra ti que nunca
me dava bola, vai ser louco. Porque quem é louco é feliz. Tchau pra ti ser
humanozinho dramático, vou lá conversar com as vacas rosas e as estátuas que
agradecem por minha convivência.
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