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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Devaneios de um Louco

 Andando sobre a ponte velha, daquelas bem antigas e imponentes, eu pensava na vida. Refletia, e quebrava a cabeça, por um motivo que sem dúvida algumas pessoas normais considerariam coisa de louco. Talvez eu realmente seja louco, não duvido e nem me preocupo em defender-me do que os outros falam, afinal, eles são só os outros. Talvez eles falem de mim pois tem inveja do meu modo de vida, de minha loucura e de minha não preocupação em cuidar da  vida dos outros. Não sei, mas sinto que tudo o que eles falam de mim tem um motivo e uma justificativa. Nem que seja o mais bizarro possível, mas eu acredito que tenha, pois ninguém fala de outra pessoa só por falar. Afinal, isso também é um motivo.
   Sei que na escola, nos corredores, as pessoas procuram me ignorar e tentar evitar tocar em mim. Como se loucura contagiasse com um simples e único toque. Mas também, vai saber. Até hoje ninguém descobriu a cura pra doença chamada loucura, e nós, os loucos, temos que sofrer as consequências, somos ignorados pela sociedade porque somos diferentes, porque pensamos de um modo diferente, nos vestimos e agimos de um modo diferente. Sei que isso não é justo e mesmo em minha loucura e meus devaneios eu sinto isso. Mas não reclamo. Não reclamo porque tenho minha loucura pra me fazer companhia.
   Como louco, amo caminhar por entre o campo rosa, colorido com flores de cor cinza. Amo sentar em baixo do pé de bananeira, de onde volta e meia caem maçãs que batem em minha cabeça. Amo arrancar punhados daquela terra roxa, e fazer bolos pra depois comer. Adoro ver as vacas rosas pastando, comendo e fazendo piqueniques com os cachorros azuis. Me dá paz e uma sensação de tranquilidade quando posso apreciar os últimos raios de sol branco, se destacando no amarelo do céu, do mesmo modo que as nuvens verdes parecem querer cair a qualquer momento. Adoro correr e deixar a brisa acariciar meu rosto, pois essa brisa deixa a pele mais lisa e bonita. Adoro comer triângulos no café da manhã, depois tomar felicidade pra afastar a sede. Adoro sentar no banco de chocolate da praça, pra observar as crianças brincando de namorar.  Adoro subir numa árvore de jabuticaba, pra pegar o mel das abelhas que me amam. Elas me beijam na face com tanto ardor que minhas bochechas chegam a inchar.
   Adoro comer livros também. Porque ler eles, se posso comer as palavras que estão escritas nele, e tê-las inteiras só pra mim?
   Adoro cheirar pedras, mas daquelas pedras moles que se pode comer no almoço. Amo conversar com estátuas, elas parecem sempre me entender. As paredes do meu quarto também me entendem, mas estas são as únicas mesmo.

   Sim, eu amo ser louco. Quando se é louco, a vida é mais divertida. Como eu sei? Não sei, eu só sei. Agora, pra ti que nunca me dava bola, vai ser louco. Porque quem é louco é feliz. Tchau pra ti ser humanozinho dramático, vou lá conversar com as vacas rosas e as estátuas que agradecem por minha convivência.

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